Infelicidade na Carreira e o Sepultamento Profissional

Infelicidade na Carreira e o Sepultamento Profissional

O profissional insatisfeito precisa entender que a crença de que será mais feliz quando se aposentar é uma falácia: ele precisa perseguir a felicidade agora

Charles levanta cedo todos os dias úteis, mas um pouco mais tarde do que ele costumava levantar-se há uns três anos, quando começou sua vida profissional em sua atual empresa. Charles odeia domingos: acha o final de tarde desolador e as segundas-feiras ele só sobrevive a elas à base de muito café. Café forte, claro. Charles gostava de sua equipe de trabalho no começo, mas ultimamente tem achado todos um tanto quanto enfadonhos: ele não acredita muito na forma como sorriem e não sente grande entusiasmo conversando com eles.

Charles também não gosta muito da hora de almoço, embora ele seja feliz aos finais de semana almoçando com a família. Ele vai e volta da empresa como se estivesse num cortejo fúnebre, com expressão de velório. Mas, no fim, Charles acha que tem um salário razoável. Poderia ser melhor, mas o que ele ganha já é ok. E então ele acha que está bem ficar por ali. Os colegas de trabalho de Charles, por sua vez, acham que ele está desiludido com o amor ou que está abatido por conta de alguma doença. Foi só nos últimos seis meses que ele ficou assim, deve ser isso mesmo.

Mas não: não é! O que nosso personagem tem é infelicidade na carreira e é isso que está provocando seu sepultamento profissional. O que pessoas como ele, que se sentem felizes em casa e com a família, mas se sentem desgostosas na empresa, e também aos domingos e segundas-feiras, costumam ter é uma baita desilusão com a própria carreira e atual emprego. É como um peixe que nada em um pequeno aquário, mas que no fundo sente que ele foi feito para nadar no mar. Ele se sente deslocado no aquário porque aquele não é o seu lugar.

Não importa quanto você ganhe: se você está insatisfeito onde está agora você não vai conseguir ser feliz. Porque a felicidade é um estado de plena satisfação. Mas, para alcançar isso, precisamos ter coerência entre a vida que vivemos e a vida que gostaríamos de viver. E não é o que parece acontecer hoje com uma boa parte das pessoas por aqui no país, já que segundo uma pesquisa da Internacional Stress Management Association no Brasil, no final de 2014, apenas 28% dos brasileiros responderam estar satisfeitos com sua vida profissional. Os outros 72% foram na direção contrária. O que é sinal de que há muita gente infeliz com a própria carreira.

Uma parte do trabalho da ABRACOACHING é ajudar essas pessoas a entenderem as origens de sua “dor” e o movimento que devem fazer para sair dali. Queremos que esses profissionais frustrados escolham não adiar mais a própria felicidade, mas decidam sim serem felizes agora mesmo. Para isso, além da aversão ao domingo e segunda-feira nós costumamos prestar atenção em mais alguns “sintomas” ou características que apontam a necessidade de uma mudança na vida daquele profissional. Você pode começar a análise para identificar a infelicidade na carreira por esses dois itens:

1) O profissional escolhe trocar a felicidade por dinheiro: O profissional escolhe abrir mão da felicidade nesse momento porque está ganhando razoavelmente bem. Se ele pensa que qualquer forma de mudança causaria impactos negativos em sua renda ou que não tem certeza se vale a pena correr esse risco de mudar porque ele pode ficar sem nada. 


2) O profissional escolhe trocar a felicidade instantânea para ter uma aposentadoria feliz: Se o profissional pensa que sua decisão é apenas um sacrifício em seu estilo de vida atual para garantir a estabilidade financeira depois. Se ele pensa que fazer esse caminho áspero para si irá conduzi-lo a uma vida estável para desfrutar de uma aposentadoria feliz.

Veja que são dois quadros interconectados: um em que a pessoa se nega a ser feliz para poder ganhar mais (ou manter a estabilidade) e o outro onde ela demonstra que, no fim das contas, o que ela queria era justamente ser feliz algum dia e ter mais momentos divertidos, prazerosos e harmônicos com sua vontade interior.

Isso tudo é um grande equívoco porque a pessoa está enxergando a carreira como um ato de punição e a aposentadoria como sua libertação. Mas não é nada disso! Um profissional infeliz provavelmente será um aposentado infeliz. Ele certamente será frustrado por não ter vivido mais momentos de felicidade quanto tinha tanta energia e menos implicações pessoais para experimentar os riscos e ser um profissional realizado em sua carreira.

É muito claro que se o destino que você quer chegar é a felicidade, você deveria buscar as trilhas que te levam até ela: as trilhas coerentes com seu desejo interno e não as de sacrifício e punição.  E a melhor forma de fazer isso é entendendo que se você passa 1/3 de seu dia em um ambiente de trabalho, esse ambiente precisa te deixar feliz, seus colegas de trabalho e a função que você exerce igualmente. As pessoas realizadas profissionalmente ganham suficientemente bem para viver com algum conforto, mas não abrem mão de serem felizes.

É claro que jogar a carreira paro o alto não é a coisa mais simples do mundo. Muitas vezes o salário nos dá uma estabilidade da qual não sabemos viver sem. E toda mudança provoca mesmo algumas “turbulências” na nossa zona de conforto. Mas precisamos entender que isso não é ruim: é apenas um sinal de mudança. Como uma semente precisa romper a terra firme se quiser florescer ou gerar frutos, assim é conosco também.

Estas são mudanças importantes para muitos profissionais e que podem, se bem conduzidas, os levar à felicidade profissional e pessoal, e não apenas com mais simpatia pela profissão, mas frequentemente ganhando ainda mais do que o salário estável na carreira entediante que tinham antes. Fora que os benefícios na realização com a carreira ultrapassam a vida profissional.

Muita gente não percebe, mas profissionais insatisfeitos acabam se tornando pessoas bastante pessimistas, achando que a vida é muito difícil, que as pessoas a sua volta são todas invejosas, que os seres humanos, de maneira geral, são maus. Essas pessoas acabam se tornando bastante metódicas, controladoras e temerosas do futuro: no início dentro e, depois, estendendo tal comportamento para fora da empresa. Estas não são pessoas ásperas assim em sua essência, mas elas começam a agir assim.

Da mesma forma que a felicidade é um estado de espírito que extrai o melhor de nós, a infelicidade também é um estado de espírito que suga toda nossa gana de viver. Não importa quanto ganhe, um profissional assim não vai ser feliz acumulando nem gastando o dinheiro que ganhou porque tudo em sua vida vai parecer um erro. O erro, entretanto, só está na forma em que ele está encarando o mundo. Mas para tudo tem um jeito.

Tem cura, doutor?


Se você olhar o currículo de uma boa parte dos profissionais que você admira e considera bem-sucedidos irá notar que nem sempre há uma constância nas tarefas que eles desempenharam no curso de suas vidas. Muitos dos grandes profissionais vivem mais de uma experiência até encontrar estabilidade e realização profissional. O que eles entendem melhor que seus pares é que nada tem que durar para sempre. A vida é de altos e baixos, mas nem por isso temos que voltar para o mesmo lugar. Se estamos nos afogando onde estamos não adianta ficarmos imóveis ali, o que precisamos começar a fazer é mexer nossos braços e pernas e nadar fora dali.

Os profissionais mais respeitados são perceptivos sobre o fato de estarem descontentes com o que estão fazendo. Eles sabem o querem fazer ou contam com a ajuda de algum mentor que possa decifrá-los, mas o que todos eles fazem inegavelmente é ir atrás de seus objetivos. Eles têm uma meta e se movem para aquela direção. A única forma de corrigir uma patologia – ainda que psicológica, como a da infelicidade – é buscar a cura para ela. Só se corrige a infelicidade e os buracos que ela causa dentro de nós, preenchendo esses buracos e sendo verdadeiramente feliz.

Ser coach, por exemplo, é algo que deixa toda a nossa equipe feliz. E nos deixa feliz sobretudo porque além de adorar aquilo que fazemos, todos nós da ABRACOACHING acordamos todas as manhãs para exercer uma profissão que consiste em deixar outras pessoas tão felizes quanto nós. Mas é claro que isso não veio do nada: alguns de nós também experimentamos situações difíceis antes de nos encontrar. Mas nós tínhamos uma meta e a seguimos. E continuamos a segui-la diariamente, nos analisando para garantir que nossa vida exterior e interior estão em consonância.

Por isso, nosso conselho para os profissionais que se sintam infelizes é que se vocês têm o poder de cavar seu sepultamento profissional por conta de sua infelicidade; vocês também têm o poder de mudar tudo e serem profissionais realizados. É importante nunca perder isso de vista. A realização profissional é parte importante da realização em toda a nossa vida pessoal e necessária para alcançarmos a felicidade em todos os âmbitos. Se há algo incongruente entre a vida que você leva e a que gostaria de levar, se você acha que está adiando a felicidade para ser feliz quando se aposentar, mude sua forma de pensar e dê um passo para ser feliz agora!

Um forte abraço,

Coach Bruno Juliani.

P.S.: Comente abaixo o que pode fazer você feliz quando o assunto for o seu ganha-pão. Quando foi a última vez que você fez muito mais do que precisava em relação a um trabalho e sentiu uma profunda animação enquanto fazia isso?

P.S.2.: Compartilhe esse artigo com pessoas que possam estar no caminho do Sepultamento Profissional.

banner-blog-2


Comments

  1. Este texto diz muito do que ando vivendo. Trabalho em escritório. Saí de um pq não estava feliz, fiquei um tempo parado, precisava de grana, procurei outro escritório. Estou pior do que antes. E isso tem prejudicado com todos os planos futuros, sejam próximos ou nao. Quero mudar. Preciso mudar. Logo.

  2. Olá.. Trabalho com TI para sistemas bancarios e amo minha função. Troquei de empresa a 06 meses para trabalhar diretamente com o banco o que me daria maiores benefícios financeiroa. Porém a cultura e burocracia do banco estão acabando comigo. Passo a maior parte do tempo aguardando informações de terceiros que ou não tem tempo ou não querem repassar. Ou seja, não consigo trabalhar e minha produtividade que sempre foi elogiada em outras empresas está a zero. Me sinto inútil e incompetente e isso está afetando minha saúde pois passei a ter crises de ansiedade. Penso em pedir demissão desde o 2° mês mas não consigo decidir

  3. Trabalho na prefeitura e to feliz mas quero novas realizaçoes que me levem ao topo.

  4. Trabalho numa na prefeitura e to feliz mas quero novas realizaçoes que me levem ao topo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Time limit is exhausted. Please reload CAPTCHA.